"Moço!", o garotinho vinha correndo pela rua.
Parei no meio da Avenida Rio Branco. O moço era eu.
"Que foi?"
"O senhor deixou cair o seu chapéu."
"Não é meu."
"É seu, sim. O senhor deixou cair. Tome."
"Eu não uso chapéu."
O garoto olhou então para mim e eu nunca esqueci o que vi naquele olhar.
Vi ódio. Muito ódio, antes de ele se virar e ir embora segurando o chapéu.
Já tem quinze anos que isso aconteceu.