segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Filho

O filho passara a sonhar. De noite ela acordava ouvindo a voz dele no quarto. Eu vi o sol, dizia ele. Eu vi o sol. De manhã o menino não lembrava do sonho, nem de ter visto o sol.

Então ele adoeceu. Ficou magro, pálido e feio. Só durou mais três dias.

Em dezembro a mãe sozinha, cansada de ser sozinha, trouxe para casa um menino de rua com a mesma idade do filho morto. Comemoraram juntos o natal e o ano novo.

O filho morto, enquanto isso, estranhava o frio no corpo, mesmo estando diante do sol. Sentiu falta da mãe, e olhou para trás embora soubesse que não devia.

O que viu foi um outro menino com a mãe que era sua.

O filho morto sentiu ciúmes.

Então retornou.

5 comentários:

  1. Uau!!!!
    Arrepios, medo e muita admiração pelo autor.
    Parabéns pelo blog (pelo livro, eu nem preciso dizer).
    Beijão,
    Alê.

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  2. Precisa, sim, Alê. Diz aí.

    Beijão,
    Maurício

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  3. Sinto um arrepio cada vez que venho aqui. Mas eu sempre volto, sempre quero mais...

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  4. Ok, então eu digo aí.
    Para mim o livro é daqueles que a gente começa, não para mais, lê muito rapido e ainda fica torcendo para não acabar logo. Aterrorizante, dinâmico e com texto muito bem escrito, como todos os seus que tenho lido. Todos os ingredientes necessarios para saber que estava diante não só de um ótimo livro, mas também de um excelente escritor.
    Tem escritores com os quais nos identificamos tanto, que gostamos de ler tudo que ele(a) escreve. É por isso que aguardo ansiosamente o seu próximo livro.
    Enquanto isso vou acompanhando o blog e torcendo por um merecido sucesso.
    Um beijo muito grande,
    Alê.

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