Quando
chegou o pacote com o nome da outra no remetente, ele ficou preocupado.
Sorte
dele, que a esposa não estava em casa.
Abriu.
Estava embalado elegantemente, com detalhes vermelhos e perfumado. Quem
embalara, o fizera com amor. Ele até abriu com cuidado, para não rasgar.
Dentro,
uma surpresa. Havia pelos pubianos dentro da caixinha. Pentelhos. Junto, um
bilhete.
“Olha
como eu te amo, meu amor. Quem mais faria isso por você?”
Tratou
de jogar tudo fora. Não tocou no assunto com a esposa.
No
dia seguinte, outro pacote. Tão trabalhado quanto o primeiro. Desta vez, no
entanto, além da surpresa ele levou um susto.
Havia
um dente dentro da caixa. Um dente ensanguentado.
E
outro bilhete.
“Estou
lhe enviando os seus pertences, meu amor. Tudo meu é seu. Tudo meu é propriedade
sua. O que você quer de mim? Os meus cabelos? São seus. Os meus seios? São seus
também. Vou mandar tudo para você. O que você deseja? Diga. Eu dou.”
Viu
que ela não ia parar. Antes que começasse a enviar dedos e orelhas, foi até a
casa dela.
“Pare
com isso”, ordenou. “Não me procure mais. Não me envie mais nada. Me esqueça.”
Ela
não falou. Parecia feliz. E, para mostrar a sua felicidade, sorriu um sorriso
faltando o dente da frente. Um sorriso aleijado.
Depois,
sem nada dizer, ela tirou a roupa. Abandonou para o lado as vestes e se
prostrou aos pés dele, de quatro, entregue em sacrifício. Então se virou
devagar, ainda de quatro, na direção oposta.
Ele
olhou as ancas brancas na sua frente. A mais preciosa oferenda. E se serviu.
A
esposa, enquanto isso, sofria um acidente de carro ao retornar para casa.