Através da escritora e amiga Silmara Aldrighi, fiquei conhecendo a Publisko. Como o Skoob, trata-se uma plataforma voltada a livros, onde é possível cadastrar, opinar, trocar informações.
Pois Silmara, depois de ler o meu MEMBRANA, colocou essa elogiosa resenha, que reproduzo aqui, na íntegra, e pela qual agradeço muito.
Maurício Limeira entrega, em “Membrana”, uma obra instigante, que transcende a simples narrativa familiar para adentrar territórios psicológicos, existenciais e, de certa forma, metafísicos. O romance equilibra, de maneira primorosa, uma trama realista, profundamente humana, com elementos de mistério e simbolismo, resultando em uma experiência literária que desafia e cativa o leitor.
Desde as primeiras páginas, fica evidente o dom narrativo do autor. Seu texto é rígido e fluido ao mesmo tempo, construindo um universo rico em detalhes e camadas psicológicas. A riqueza descritiva confere realismo impressionante à trama, dando a sensação de que o autor viveu ou testemunhou pessoalmente grande parte das situações retratadas. A ambientação, especialmente no Rio de Janeiro e em Visconde de Mauá, é nítida e palpável, conferindo à obra um forte senso de imersão.
Os personagens são um dos pontos altos do livro. Nino Belmonte, patriarca da família, carrega um enigma que ressoa ao longo de toda a narrativa: sua repentina mudança de comportamento, o isolamento autoimposto e, principalmente, a construção de um cômodo misterioso no meio de sua sala. Sua filha, Denise, serve como um elo entre as memórias e as relações que orbitam a família, revelando não apenas os segredos de seu pai, mas também os conflitos internos que permeiam cada personagem.
O grande mérito de Limeira é que nenhum personagem existe apenas para servir de apoio à trama. Todos têm histórias próprias, dramas pessoais e evoluem ao longo da narrativa. Essa abordagem reforça a sensação de realismo e a humanização que permeia o livro.
O leitor de “Membrana” não passa ileso pela história. Limeira manipula habilmente as emoções, fazendo-nos oscilar entre empatia, revolta, compaixão e, por vezes, irritação com certos personagens. Torcemos por alguns, sentimos raiva de outros, e, ao longo da leitura, somos levados a reconsiderar essas primeiras impressões à medida que a trama se desenrola. Esse efeito é fruto de uma escrita cuidadosa, que não se limita a apresentar personagens estáticos ou estereotipados, mas sim indivíduos complexos, contraditórios e profundamente humanos.
“Membrana” é um romance que surpreende pela profundidade e complexidade de sua trama. Maurício Limeira conduz a narrativa com maestria, sem deixar pontas soltas, costurando as histórias de seus personagens de forma natural e fluida. A leitura não apenas prende e instiga, mas também nos convida a refletir sobre a própria condição humana, sobre segredos que guardamos e sobre as fronteiras que nos separam do outro e de nós mesmos.
Em um mercado literário onde tantas obras parecem seguir fórmulas previsíveis, “Membrana” se destaca como um livro que não apenas entretém, mas também provoca e emociona. Uma leitura essencial para quem busca histórias bem construídas, personagens inesquecíveis e uma narrativa que permanece com o leitor muito depois da última página.
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