quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Crianças




Era sempre à mesma hora da noite.

Nós nos reuníamos naquele canto da casa e a criança aparecia. Da nossa idade. Chorando e gemendo uma insuportável dor, nos estendia os braços e implorava ajuda.

Para nós, no entanto, o seu sofrimento era curioso e divertido. Por isso, no lugar de ajudar, achávamos graça.

Deixaríamos de rir, porém, na manhã em que acordamos e faltava um de nós.

Quando o segundo de nós também desapareceu, no mesmo dia, nos apavoramos e tentamos fugir.

Mas as portas não se abriram mais.

A casa queria que ficássemos.


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